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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Resposta do Bloco de Esquerda a uma visão alarmista da futura Linha do Oeste

A propósito de um artigo publicado no jornal "Badaladas" onde o ex-vereador torriense,
Jorge Ralha, tece considerações sobre a modernização e electrificação da linha
ferroviária do Oeste, o Bloco de Esquerda - Torres Vedras não pode deixar passar em claro
a constante resistência ao desenvolvimento regional, modernidade sustentada e bem estar
das populações que algumas opiniões públicas insistem em defender tornando algumas
regiões do país mais pobres, menos capazes e menos integradas.

O autor do artigo a que nos referimos recorre a dados - números e estatísticas - que são
parte de um todo, para se opor ao movimento favorável à modernização da Linha do Oeste
referindo, inclusive, a este propósito a recolha de assinaturas que por nós foi levada a
cabo em Torres Vedras no contexto de uma petição promovida pelos deputados eleitos de
todos os quadrantes políticos pelo círculo eleitoral de Leiria, com assento na Assembleia
da República.

Os números e estatísticas de que o autor se socorre, parecem defender que há uma ligação
directa entre a requalificação em causa e um hipotético aumento da criminalidade.
As estatísticas podem ser interpretadas de várias formas, mas não devem ser usadas para
estabelecer comparações entre realidades tão díspares como aquela que é mencionada
(Sintra) e a região do Oeste, esquecendo que há uma realidade local e regional que deve
ser equacionada.

Uma coisa é certa, com ou sem estatísticas o Oeste em geral, e Torres Vedras em
particular, tira cada vez menos partido da linha ferroviária existente, sofrendo as
consequências do adiamento da sua requalificação e das vantagens que daí poderiam advir.
Há um enorme número de estudantes e trabalhadores que se deslocam diariamente para Lisboa
e que necessitam de um meio de transporte mais barato, mais rápido, mais ecológico, mais
seguro e mais confortável.

A petição assenta em três pontos-chave que passamos a citar:

"- A requalificação da infra-estrutura no sentido da sua duplicação, electrificação e
correcção de traçado, visando, no futuro, a circulação de comboios rápidos de passageiros
inter-cidades e um serviço de mercadorias eficiente;

- Um serviço de transporte, com adequados níveis de frequência, conforto e qualidade,
garantindo-se que, pelo menos entre Lisboa-Leiria, o tempo directo de viagem não
ultrapasse os 70 minutos (Vel.Média=113 km/h);

- Um serviço de transporte regular para todos os concelhos, nomeadamente, Torres Vedras,
Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Nazaré, Alcobaça, Marinha Grande, Leiria, Figueira
da Foz, Coimbra."

Esta é uma questão muito importante para o bem-estar e desenvolvimento pessoal de quem
reside na nossa região. Entendemos por isso que o esforço devia ser no sentido de
melhorar a mobilidade e comodidade deste grande conjunto de pessoas para que cá
permaneçam, realçando o facto de que muitos são jovens, para que concentrem as suas
forças cá, contribuindo assim para o avanço da nossa região. Se perguntarmos aos cidadãos
que diariamente têm que se deslocar a Lisboa, para trabalhar, estudar, ou por outro
motivo qualquer, certamente obteríamos uma visão mais informada sobre a importância do
transporte ferroviário de qualidade, mais rápido e económico.

Não ainda há muitos anos atrás, a ligação de pessoas e mercadorias entre Torres Vedras e
a capital, era feita preferencialmente por comboio, aliás, como se refere no artigo de
Jorge Ralha, por ser um "transporte público de massas, por excelência, porque é mais
barato, transporta mais indivíduos, por vezes, é mais rápido". Acrescentar-se-ia ainda,
entre outras vantagens, porque descongestiona as cidades de trânsito, é muito menos
poluente, mais seguro e confortável.
Toda esta lógica se foi alterando no que à nossa região diz respeito, devido ao
desinvestimento no transporte ferroviário, que hoje é pior, em menor número e mais lento
do que há alguns anos atrás.

É toda esta lógica que tem que ser revertida, uma lógica de protecção económica de
interesses quantas vezes não muito claros, que salvaguarda o interesse privado contra o
serviço público de transportes, e que faz com que, actualmente, tenhamos uma Linha do
Oeste medíocre.

Torres Vedras, bem como toda a região Oeste, merece um transporte ferroviário digno.

Esta resistência à requalificação da Linha do Oeste deve ser contrariada. A população do
concelho e da região necessita de uma Linha do Oeste que lhe sirva e que não a exclua de
um futuro mais justo para todos!

(Este  artigo foi publicado no Badaladas 2838 de 28 de Maio)

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