sexta-feira, 6 de agosto de 2010

"Verdade ou demagogia?" - A nova resposta de João Semedo a Rui Prudêncio

Na sequência das tentativas de resposta de Rui Prudêncio (deputado socialista e gestor) numa questão relacionada com política de saúde, João Semedo (deputado bloquista e médico) volta a responder na edição desta semana do Badaladas. (Pode aceder aos textos anteriores na nossa zona de Clippings no menu superior)

"Verdade ou Demagogia?"

O deputado Rui Prudêncio, à falta de argumentos, recorre ao truquezinho para nos tentar iludir. Não fora os leitores saberem como as coisas se passam nas farmácias e nos consultórios e talvez os truquezinhos do deputado Rui Prudêncio atingissem o seu objectivo.
Depois destas linhas, não conto voltar a este assunto dos medicamentos, nem a esta controvérsia com Rui Prudêncio. Porque, a realidade revela com imparcialidade quem tem ou não tem razão e o leitor fará finalmente o seu juízo.
Vejamos, ponto por ponto, se tudo o que o BE propõe sobre medicamentos já o PS concretizou, como tenta fazer crer o deputado Rui Prudêncio:

1. Rui Prudêncio acaba por reconhecer e confessar que para o doente poder comprar um genérico é preciso que o respectivo médico prescritor não o impeça, não se oponha. Pois é precisamente com isso que o BE quer acabar. Se os medicamentos são iguais e fazem o mesmo efeito, porquê comprar o mais caro e não o menos caro?
Como vê Rui Prudêncio não é isto que o PS fez. Bem pelo contrário.

2. Diz Rui Prudêncio que a prescrição por DCI (pela composição e não marca pela marca do medicamento) já é obrigatória, porque sendo a prescrição electrónica a receita é sempre impressa com a DCI. Só pode afirmar isto quem não frequenta centros de saúde ou hospitais.
Devia ser como diz Rui Prudêncio mas não é. Só o sr. deputado é que ainda não deu pela diferença entre o que está no papel e a realidade.

3. Habilidoso, Rui Prudêncio procura insinuar que o BE quer que todos os medicamentos sejam comparticipados a 100%. Rui Prudêncio sabe que não é assim. O Bloco defende que continuem a existir 4 escalões. O que o Bloco pretende é que o PS devolva aos utentes aquilo que lhes retirou há 3 anos, isto é, ponha as comparticipações no mesmo valor que tinham antes do PS as baixar e obrigar os doentes a pagar mais do que pagavam à data.

4. O Bloco pretende que o regime especial seja alargado aos beneficiários do RSI e do subsídio de desemprego. Ao menos neste ponto Rui Prudêncio não se cansa de dizer que o PS está contra, calcule-se, para evitar abusos e mais injustiças. Não é para estranhar que Rui Prudêncio considere um abuso e uma injustiça apoiar os desempregados e os mais excluídos: então não foi o governo do PS que reduziu o subsídio de desemprego e cortou os apoios sociais?

5. Não é verdade que todos os medicamentos sejam comprados pelos hospitais através do catálogo de preços máximos. Rui Prudêncio finge não saber que, precisamente, os medicamentos mais caros – os chamados inovadores (para a SIDA, cancro,..) - não fazem parte desse catálogo e são comprados pelos hospitais portugueses por valores muito superiores aos praticados em França, Espanha, Itália e Grécia, por exemplo. O Bloco propõe um regime de aquisição para poupar ao estado muitos milhões. Rui Prudêncio está contra. Entre poupar dinheiro ao estado ou desperdiça-lo nos cofres das grandes empresas farmacêuticas, Rui Prudêncio escolhe dar este bónus à indústria. Poupar para Rui Prudêncio é só nos apoios sociais e no subsídio de desemprego…

6. A desfaçatez de Rui Prudêncio não tem limites. Afirma que a proposta do Bloco de dispensar gratuitamente os medicamentos para os primeiros dias, após uma cirurgia ou internamento hospitalar, também já o PS fez, conseguiu e pôs na lei. Muito disfarçadamente, lá acaba por confessar que afinal é só para a cirurgia de ambulatório…Então em que é que ficamos? Afinal de contas, não só o que o Bloco propõe não foi feito nem implementado pelo PS, como o PS está radicalmente contra, mesmo que isso seja bom. E é isso que interessa salientar, tudo o resto é discussão estéril, para iludir os menos atentos.

O PS recusou no Parlamento apoiar as propostas do Bloco porque, em vez de defender a bolsa dos cidadãos e poupar dinheiro ao estado, o PS resigna-se à lógica do máximo lucro tanto para as empresas farmacêuticas como para as farmácias. Porque, como todos sabem, quer as farmácias quer as empresas ganham tanto mais quanto mais caros forem os medicamentos que vendem e produzem respectivamente….
As propostas do Bloco poupariam milhões às contas públicas. Mas o sectarismo anti- -bloco do PS é tão grande que os seus deputados votam contra as propostas do Bloco mesmo que isso signifique sacrificar os utentes – que vão pagar mais na farmácia – e aumentar desnecessariamente a despesa do estado. O sectarismo do PS, a sua prosápia e arrogância, têm custado muito dinheiro ao país. Nós, no Bloco, continuaremos a fazer as nossas propostas, remando contra este sectarismo do PS, na convicção que o tempo confirmará a justeza e acerto do que propomos.

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