sábado, 6 de novembro de 2010

Porque é que o Bloco de Esquerda é a favor da paz e contra a NATO?

A NATO (Organização do Tratado do Atlântico Norte) foi criada em 1949 como organização militar para a defesa colectiva contra a União Soviética, esse papel é sublinhado no artigo 5º do tratado. Portanto, desde o desmoronamento do Muro de Berlim e o fim da União Soviética (1991) que a NATO deixou de fazer sentido tal como previsto na sua fundação. Contudo, o 11 de Setembro (2001) marca um momento fundamental para a redefinição do papel da NATO, este mesmo artigo 5º foi novamente invocado pelos EUA, mas agora contra um inimigo de difícil identificação: o terrorismo.
Em 2003, inaugurando o conceito de legitima defesa preventiva, os EUA iniciaram uma nova investida no Médio Oriente, ocupando o Iraque. E o tal “inimigo sem rosto” foi desta vez situado geograficamente no Afeganistão para efeitos de intervenção militar, onde supostamente seria capturado Bin Laden.
Resultados: o massacre das populações, a destruição do território e do património do Iraque e do Afeganistão, a proliferação da ameaça terrorista a todo o mundo, o aumento da intolerância entre culturas e pessoas, o aumento da despesa dos Estados em armamento, o aumentos dos lucros da economia da guerra, o estado de excepção tornado regra, a diminuição das liberdades individuais e colectivas... enfim, uma ténue fronteira entre tirania e democracia.
Estes são alguns dos indicadores da existência factual de um Imperialismo Global que reúne em si duas vertentes amplamente visíveis: O Fascismo Financeiro (o controle dos Estados pelos mercados especulativos) e o Poderio Militar (o controle dos territórios pela imposição da força). O domínio integral do planeta pelas mega-corporações capitalistas, a devastação ambiental e a crise ecológica ou a subjugação dos seres humanos à condição de escravos têm como reverso da moeda a instalação de uma elite mundial que, apoiada pelas politicas neoliberais dos Governos, se preocupa apenas com o crescimento contínuo dos seus lucros.
A cimeira da NATO que ocorrerá em Lisboa nos dias 19 e 20 de Novembro tem como objectivo a definição do seu novo conceito estratégico que visa reforçar a militarização do mundo. Deste modo, a NATO afirma-se cada vez mais como a força armada do capitalismo global e é parceiro incontornável nesta nova política imperial, que a breve trecho colocará todo o planeta num ponto de fragilidade ambiental sem retorno.
O Bloco de Esquerda não aceita nunca, e muito menos em tempos de austeridade e de ataque ao estado social, que o Estado português reforce as despesas (e aumente ainda mais o défice) em material de guerra: 1000 milhões de euros em submarinos, 200 milhões de euros em aviões militares e, só para a cimeira da NATO 5 milhões de euros em novos equipamentos policiais.
Este desvario bélico revela até que ponto vai a a actual crise política e ética, com governantes que preferem “queimar” dinheiro na guerra em vez de diminuírem a violência económica e social imposta aos portugueses. Nesta tragédia, se somarmos os 4500 milhões (garantidos pelo Estado) do buraco do banco BPN, percebemos bem como a vertigem bélica e o caótico e corrupto sistema financeiro levaram Portugal e os portugueses à deplorável situação em que nos encontramos.
O Bloco de Esquerda assume convictamente o património das lutas anti-militaristas e anti- -imperialistas. Além da contestação contra as agressões concretas do imperialismo (Afeganistão, Iraque, por exemplo), o Bloco tem sido a única força politica a defender inequivocamente a saída de Portugal da NATO e a extinção desta organização.
Por tudo isto, em Novembro estaremos mobilizados para receber os senhores da guerra. Nesse sentido, o Bloco de Esquerda organizará e apoiará diversas acções não-violentas anti-NATO.


Já no próximo dia 16 de Novembro (terça), Mário Tomé (oficial na reserva e ex-deputado) estará em Torres Vedras para um debate sobre o verdadeiro papel da Nato e as suas consequências para o futuro. O debate será no Auditório Municipal (Av. 5 de Outubro), pelas 21h30.

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