Já
não restam quaisquer dúvidas, se ainda existissem, da farsa em que
consiste a crise austeritária europeia, nem das suas consequências
trágicas para os povos europeus, em especial para os países do sul
onde nos incluímos.
A
entrevista recente do economista Philippe Legrain (jornal Público de
11/05/2014), ex-conselheiro de Durão Barroso e liberal convicto,
afirma categoricamente que a origem da crise da dívida está na
dívida privada acumulada pelos bancos, ou seja, as “ajudas” a
Portugal e à Grécia foram na prática resgates aos bancos alemães.
Legrain acusa os governos e as instituições europeias de terem
posto os interesses dos bancos à frente dos cidadãos. Afirma e
explica que os resgates aos Estados foram resultado do lobby dos
bancos alemães e franceses que estavam demasiado expostos à dívida
pública daqueles países e queriam evitar qualquer tipo de
reestruturação que lhes imputasse perdas, deste modo, as
instituições públicas europeias funcionaram como instrumentos para
os credores imporem a sua vontade aos devedores.